Pós-graduações IMED 2013

sábado, 24 de dezembro de 2011

Uma coisa por vez

Aquilo que intuitivamente já sabemos, ou seja, de que precisamos nos concentrar em poucas ou somente uma coisa por vez para fazermos bem-feito, foi comprovado. O neurologista Russ Poldrack, da Universidade do Texas, em Austin, refere que o cérebro humano não é capaz de processar de forma eficiente várias informações simultâneas, mas processa bem poucas informações por vez.


Esta informação tem importante impacto por exemplo no contexto educacional. Muitos educadores têm defendido o uso de tecnologias no processo ensino-aprendizagem durante aulas expositivas. Embora não se questione o mérito da utilização de novas tecnologias, fica em xeque a forma como a aprendizagem ocorre de maneira eficiente. Ou seja: se o aluno estiver numa aula com o computador, tablet ou conectado com outra tecnologia, seu conhecimento pode estar no prejuízo.

A psicologia cognitiva já apontou há vários anos que a atenção é o canal que permite que as informações sejam processadas pelas demais funções mentais, tais como a memória e o pensamento. Quando prestamos atenção em um objeto, ele é o "foco" de nossa análise. Assim, se existem distratores, essa análise acaba ficando a desejar, e o conhecimento não terá a mesma qualidade.

Voltando à sala de aula, o segredo não está na tecnologia propriamente utilizada para a construção do conhecimento, mas na sua forma e no conteúdo. Fica então um alerta: computador ligado em redes sociais, jogos ou outros distratores durante uma aula pode melhorar o relacionamento interpessoal, mas não favorece o aprendizado.

*Sugestão de leitura: Troques da mente, de Stephen L. Macknik e Susana Martinez-Conde

domingo, 20 de novembro de 2011

BOINC: computação pela ciência

Seu computador pode auxiliar na solução de vários problemas que afligem a humanidade. Quando ele estiver ocioso, é possível ser utilizado para processar informações obtidas em vários centros de pesquisa distribuídos pelo mundo.

BOINC é um programa que utiliza o tempo inativo do seu computador à ciência, a projetos como a busca pela cura da malária, SETI@home (busca de vida extraterrestre), Climateprediction.net, Rosetta@home, World Community Grid e muitos outros.

Depois de instalar o BOINC no seu computador, pode conectá-lo a tantos projetos quantos quiser.

Para conhecer mais e baixar o programa, o link é http://boinc.berkeley.edu/download.php
Colabore!

domingo, 30 de outubro de 2011

O Planeta dos Macacos

Planeta dos Macacos: A Origem é uma nova filmagem do clássico de 1968, baseado na obra "La planète des singes" escrito por Pierre Boulle, publicado em 1963, que conta a história de uma possibilidade ao mesmo tempo assustadora e sedutora: o aparecimento de uma outra espécie capaz de pensar como os seres humanos.
Muitos de nós gostariam que surgisse outra espécie capaz de utilizar níveis complexos de pensamento e linguagem de forma semelhante à nossa, permitindo trocas de informações inteligíveis com os seres humanos. Se, através de processos evolutivos naturais ou artificiais, isso ocorresse, seria uma excelente oportunidade para verificar se o processamento da informação desta espécie seria semelhante ao nosso, ou se teria estruturas diferentes. Tanto num caso como noutro, nossa capacidade de compreensão do pensamento aumentaria muito, podendo alçar a psicologia cognitiva a outros patamares.

Por outro lado, essa perspectiva poderia despertar temores primitivos. Como essa espécie se comportaria? Seria capaz de constituir sociedade complexa, com cultura, assim como fazemos? Como expressaria sua agressividade intra e extraespécies? Qual o impacto que isso teria sobre a sociedade humana? Creio ser impossível não se fazer estas questões quando se assiste ao filme.



sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O pensamento de Watson

O sistema computacional Watson, da empresa IBM, venceu recentemente um programa americano de perguntas e respostas, mostrando que a capacidade computacional está se aproximando do processamento humano da informação.


Esta não é a primeira vez que a máquina vence o cérebro num desafio. Em 1996, o computador DeepBlue, também da IBM, venceu Garry Kasparov em partidas de xadrez. Mesmo imerso em polêmicas, estas partidas mostraram que o computador era perfeitamente capaz de processar informações de forma semelhante, nos resultados, ao cérebro humano.

Na revolução industrial, as máquinas substituiram a força humana, ampliando de forma gigantesca nosso potencial físico. O pensamento humano foi, por muito tempo, considerado algo que as máquinas jamais conseguiriam simular, pelo menos o processamento mais elevado ou mais complexo. Entretanto, a cada dia a tecnologia está demonstrando que esse limite está mais perto.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

TPM, ou Transtorno disfórico pré-menstrual

Há muito tempo é conhecido o papel que os hormônios exercem sobre o comportamento humano. Os pesquisadores sobre o comportamento e os profissionais da saúde já identificaram a presença, em mulheres, de um conjunto de sintomas que podem trazer prejuízo em seus relacionamentos que ocorrem antecedendo a menstrução. Estes sintomas são popularmente conhecidos como tensão pré-menstrual.


Embora já conhecido, este quadro não fazia parte dos sistemas de classificação como diagnóstico específico. Tanto a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da Organização Mundial da Saúde (CID-10) quanto o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais e de Comportamento da Associação Psiquiátrica Americana (DSM-IV-TR) não previam este quadro como de diagnóstico próprio, estando no grupo dos transtornos do humor. Contudo, na revisão para a quinta edição (DSM-5), há a previsão do diagnóstico de Transtorno disfórico pré-menstrual.

Segundo a classificação, o transtorno disfórico pré-menstrual engloba sintomas como acentuada labilidade emocional, como alterações fortes de humor, irritação ou raiva, aumentando conflitos interpessoais, presença de humor depressivo, ansiedade, tensão, perda de interesse em atividades cotidianas, sensação de perda de concentração, cansaço, perda ou aumento de apetite, insônia ou hipersonia e sentimento de estar perdendo o controle, dentre outros sintomas.

O transtorno disfórico pré-menstrual pode realmente afetar o comportamento, e merece atendimento específico, visto que é um quadro que traz prejuízos importantes nas relações interpessoais e laborais.

domingo, 7 de agosto de 2011

O cérebro e a mente (III)

Dentre a grande quantidade de variáveis que possivelmente contribuíram para o processo evolutivo do cérebro humano, uma delas é quase improvável, mas teve sua parcela de contribuição para a constituição da mente.

Uma pesquisa identificou que uma das diferenças genéticas entre os humanos e os gorilas, nossos parentes evolutivos, constitui-se de um gene que define a intensidade da força muscular. Os seres humanos possuem um gene que limita a força muscular, enquanto que os gorilas possuem o gene que aumenta este potencial

Comparando o crânio de um gorila com o crânio humano, observamos que o masseter, músculo relacionado à mastigação, é substancialmente diferente. No gorila, o tamanho do músculo é muito maior que no homem.




Desta forma, um músculo poderoso permite uma dieta com alimentos mais duros, diferente do potencial humano para a mastigação, comparativamente menor. A linhagem dos gorilas preservou o gene, facilitando a capacidade de mastigação, mas o ancestral humano não manteve o gene, produzindo menor força mastigatória e exigindo uma dieta diferenciada.

O que é interessante é que se a musculatura craniana é mais forte, como no caso do gorila, ela deve ter impedido que os ossos se expandissem como ocorre com o ser humano. A possibilidade de expansão dos ossos do crânio permite o crescimento do cérebro, e graças a ele possuímos o maior cérebro entre os mamíferos em proporção ao tamanho do corpo.

sábado, 2 de julho de 2011

O pensamento além do cérebro

O cientista Miguel Nicolelis, renomado pesquisador em neurociências, realizou um experimento que abriu as fronteiras para uma nova era do conhecimento sobre o cérebro. Ao estudar primatas não-humanos, ele conseguiu, através de um experimento inovador, registrar o pensamento e modelar o funcionamento de um braço mecânico. Desta forma, ligou de maneira inédita, o cérebro humano às máquinas.

Sem entrar na discussão ética desta ligação, que certamente fará parte do debate futuro dos filósofos e cientistas, este experimento marca uma nova fase sobre o que conhecemos a respeito do cérebro humano. Teremos próteses capazes de responder diretamente ao cérebro, sem que o comando nervoso passe pela medula espinal? Possivelmente. E mais ainda: podemos construir uma era onde o pensamento não estará mais contido no cérebro.

Recomendo o vídeo abaixo, especialmente os últimos minutos.



quinta-feira, 16 de junho de 2011

Manual prático de terapia cognitivo-comportamental

Foi lançado ontem no Auditório Central da Faculdade Meridional / IMED o livro "Manual prático de terapia cognitivo-comportamental", organizado pelas professoras Margareth da Silva Oliveira e Ilana Andretta.

A obra tem como objetivo apresentar os fundamentos teóricos das Terapias Cognitivo-Comportamentais e exemplos de sua aplicação no cotid
iano da clínica, fornecendo um panorama geral dos modelos de tratamento de diversas psicopatologias.




O livro possui capítulos de autoria dos professores da IMED, Vinícius Renato Thomé Ferreira e Márcia Fortes Wagner, e constitui-se livro-texto para estudantes de psicologia e psicólogos que trabalham com a psicoterapia cognitivo-comportamental.

O livro pode ser adquirido no site da Casa do Psicólogo.

Confira as fotos do evento!





segunda-feira, 13 de junho de 2011

Lançamento do livro Manual Prático de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental

A Faculdade Meridional - IMED tem o prazer de convidar a todos para a palestra sobre clínicas-escola e para o lançamento do livro "Manual Prático de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental", organizado por Margareth da Silva Oliveira e Ilana Andretta.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Seminário de Psicologia da IMED - Atendimento Clínico de Casal e Família

Estamos divulgando o Seminário de Psicologia da IMED, a ser realizado entre 18 e 20 de maio deste ano na IMED, em Passo Fundo.

Mais informações podem ser obtidas em www.imed.edu.br ou pelo telefone 54 3045-6100.




domingo, 1 de maio de 2011

Qualidade da produção brasileira em ciências humanas e sociais

O editorial da Revista de Administração de Empresas desenvolve um tema que já abordamos na postagem Contexto das pós-graduações stricto sensu em psicologia no Brasil, e que merece a atenção dos pesquisadores brasileiros.

Segundo o editorial, embora a produção científica brasileira tenha aumentado, obviamente isso não ocorreu de forma equilibrada. Há uma produção significativa nas áreas biotecnológicas, enquanto que as ciências humanas estão mais atrasadas, especialmente ciências sociais, economia e negócios. Essa tendência está de acordo com nossa análise, já mencionada acima.

Além disso, a qualidade das publicações nas áreas humanas necessita ser aprimorada. Isso pode ser avaliado pelo índice de impacto das publicações. A boa notícia é que, mesmo que em volume a produção em psicologia não tenha crescido tanto, em impacto já está melhor.

Contudo, há ainda muito a ser feito. Algumas estratégias precisam ser consideradas, como por exemplo, reduzir um viés ideológico, que aparece muito nas ciências humanas, na elaboração de uma pesquisa sobre o comportamento, pois a ideologia pode ser um elemento que torne o método e/ou a análise obscura.

É importante também que os psicólogos que pesquisam divulguem mais seus achados para o público leigo, traduzindo em linguagem acessível as descobertas realizadas. Além de divulgar o conhecimento psicológico, ainda muito restrito, também servirá para a valorização da profissão.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Os caminhos dos neurônios

A compreensão dos mecanismos de funcionamento do cérebro é um dos grandes desafios da humanidade.

Uma pesquisa conduzida pelo departamento de neurobiologia da escola médica de Harvard, publicada na revista Science de março deste ano, conseguiu traçar o caminho efetuado pelas conexões de um grupo de neurônios, mostrando quais caminhos os axônios e dendritos seguem para a transmissão das informações.

A pesquisa consistiu na fotomicrografia de centenas de lâminas dos neurônios, e depois na montagem dos caminhos traçados pelas conexões. Apenas um destes circuitos possui entre dez mil e cem mil neurônios, com cerca de dez mil interconexões. Desta forma, é possível alcançar a faixa de um bilhão de conexões neste circuito simples, levantando um enorme problema computacional.

O centro de supercomputação de Pittsburgh, localizado na universidade Carnegie Mellon efetuou o processo de análise e transformação das informações em um mapa 3D, utilizando apenas 10 neurônios.

Ainda é um mistério a compreensão de como os neurônios processam as informações, mas os avanços na área da neuroimagem e da fisiologia dos neurônios nos darão pistas importantes para entendermos como compreendemos o mundo e a nós mesmos.

A notícia completa está disponível aqui.

sábado, 22 de janeiro de 2011

A ironia do manto de Turim

Dentre os mistérios que alimentam a fé das pessoas está o manto de Turim. Guardado na Cappella della Sacra Sindone do Palácio Real de Turim, o sudário pertence ao Vaticano, e os católicos acreditam que ele cobriu Jesus Cristo após sua cricificação e morte.

As origens do manto são controversas. Vários estudos utilizando datação por carbono-14 apontam que teria sido fabricado na idade média, entre os anos 1260-1390. Alguns estudiosos têm apontado que a utilização deste teste para datação é duvidosa, pois não se sabe por que tipo de situações o manto passou, contaminando o material.

Durante a idade média, era muito comum a fabricação de relíquias religiosas pela Igreja. Para uma comunidade, ter uma relíquia significava peregrinação, e ter peregrinos era uma importante fonte de receita, movimentando de forma importante a economia. Assim, houve vários mantos disputando o título de manto "original" ao longo da história.

Ao observarmos o manto a olho nu, temos uma imagem de frontal e dorsal de um homem usando barba e com cabelos compridos. O negativo de uma fotografia do sudário mostra nitidamente um homem.


Fonte: O Sudário de Turim


Fonte: O mistério do santo sudário

Estudos realizados no século XX apontaram alguns elementos interessantes, sendo que um dos mais importantes refere-se ao problema da proporcionalidade do rosto. Se a imagem da face realmente tivesse sido produzida por um corpo em contato com um tecido, ficaria bastante distorcida (confira aqui a distorção). Isso porque a cabeça humana tem três dimensões, enquanto que a imagem do manto possui duas dimensões.

Mas o mais impressionante é a possibilidade de que o sudário tenha sido a primeira fotografia. Embora não se possa identificar a presença de sulfato de prata, composto presente em negativos fotográficos, visto que a Igreja não permite mais exames do sudário, foi possível reproduzir em laboratório um manto semelhante ao de Turim utilizando técnicas fotográficas rudimentares.

Alguns pesquisadores apontam que Leonardo da Vinci seria a única pessoa capaz de realizar tal feito na idade média. Considerando o contexto religioso, e as poderosas forças políticas e econômicas interessadas na produção de relíquias, a família Savoia teria encomendado a fabricação de uma relíquia a Leonardo.

Além da especulação, há indícios sugestivos da mão de Leonardo: analisando as imagens do rosto do manto, ela encaixa-se perfeitamente a seus desenhos, indicando que utiliza o mesmo sistema de proporções. Ainda, os traços do manto conferem de forma significativa com auto-retratos de Leonardo.

Mesmo que nunca se prove que foi obra de Leonardo da Vinci, seria irônico que o sudário, uma das mais importantes relíquias religiosas do mundo, tivesse sido construído pela ciência, com a tecnologia mais avançada da época somente redescoberta centenas de anos depois. Mais irônico ainda que o rosto de um ateu representasse o ícone maior da cristandade.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Confusão entre depressão e sintomas depressivos

Realizando uma pesquisa em periódicos científicos, encontrei este texto, que faz um apontamento bem relevante sobre a diferença entre depressão e sintomas depressivos.

Embora seja comum na prática dos profissionais da saúde mental o uso do termo "depressão", cabe ressaltar que depressão é um diagnóstico, com critérios bem definidos de acordo com manuais diagnósticos (como a Classificação Internacional de Doenças - CID ou o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana - APA).

Por sua vez, "sintomas depressivos" são apenas os elementos que, em conjunto e por determinado período de tempo, caracterizam o diagnóstico de depressão.

Como professor de psicopatologia, já venho há alguns anos trabalhando com esta distinção, pois observo entre os alunos de psicologia, e entre colegas, o uso inadequado do termo depressão quando na verdade estão se referindo somente aos sintomas depressivos.

A depressão deveria ser utilizada apenas quando há um diagnóstico, ou seja, quando houve uma avaliação clínica, efetuada por um profissional treinado, com conhecimento em psicologia, e preferencialmente com a aplicação de testagens específicas. Fora deste contexto, seria adequada apenas a atribuição de sintomas depressivos.

De forma semelhante, muitos colegas referem-se aos transtornos de ansiedade como se fossem sinônimos de sintomas ansiosos. Igualmente inadequado.

A disseminação na mídia e na linguagem comum de depressão e ansiedade, muitas vezes pela falta de informação qualificada, está atingindo até nossos colegas, que deveriam ter clareza sobre estas diferenças.

Acho importante divulgar esta informação não por preciosismo, mas por clareza. A psicologia somente terá condições de avançar se pudermos eliminar distâncias, e não criando mais trincheiras. O uso de uma linguagem comum contribui para este mister.

sábado, 1 de janeiro de 2011

A evolução e as espécies em anel

Por óbvio que um cão é diferente de um gato. Mas quão diferente? Isso vai depender do quanto nos afastamos no tempo em direção de um ancestral compartilhado.


Embora nosso senso comum tenda a atribuir a cães e gatos categorias distintas, na biologia as coisas não são tão simples assim. É um tema instigante de pesquisa compreender o quanto uma espécie se diferencia da outra, diferença que vai muito além da observação morfológica.


De acordo com a definição de Dobzhansky e Mayr, espécies são grupos de populações naturais que estão ou têm o potencial de estar se intercruzando, e que estão reprodutivamente isolados de outros grupos. Assim, espécies diferentes não poderiam cruzar e gerar indivíduos estéreis.


Há, contudo, alguns fenômenos que rompem com o conceito que temos tradicionalmente de espécie. Um deles é diz respeito à capacidade que algumas bactérias possuem para conjugar genes com outras espécies de bactérias. Além disso, no mundo macroscópico, outro fenômeno também questiona nossa visão clássica de espécie, que é o fenômeno das espécies em anel, ou espécie-anel.


As espécies em anel dizem respeito a um conjunto de populações que caracterizariam espécies distintas, mas que estão em contato geográfico. Assim, é possível o inter-cruzamento destas espécies gerando híbridos férteis, mas nem sempre bem adaptados ao seu meio. A disposição em anel, conforme a figura abaixo, mostra que várias espécies, representadas por cores diferentes, podem cruzar com as espécies adjacentes, mas não conseguem fazê-lo com as espécies mais distantes.




Esse fenômeno já foi identificado em peixes (gênero Aulostomus), salamandras (gênero Ensatina) e pássaros (gênero Philloscopus). Embora não seja muito comum, ele existe, e é uma das provas contemporâneas de que a teoria da evolução das espécies é a que melhor explica a evolução dos seres vivos, e ajuda a refutar hipóteses concorrentes, como a do design inteligente.


Além disso, algo semelhante pode ter ocorrido com os seres humanos. É possível que, num passado remoto, espécies dos gêneros Australopithecus ou Homo tenham realizado cruzamento inter-espécie. Assim, a formação do gênero Homo pode ter sido mais complexa do que se imagina.

A virada de ano e o planejamento estratégico

No início de ano muitas pessoas ficam animadas e fazem promessas. Algumas até mesmo fazem listas, com as propostas de conquistas para o novo período. Mas todas conseguem alcançar o que objetivaram? O que faz com que não alcancem estas metas?

Analisando este comportamento com mais atenção, observamos que muitas destas promessas são feitas ao calor do momento. Aqui surgem os planos e objetivos mais ineficazes, pois muitos deles são excessivamente genéricos (esse ano eu quero ser feliz) ou transcedem o espaço de um ano (vou começar uma nova faculdade e me formar).

Entre as que lembram do que prometeram, há as que escrevem e as que não escrevem os objetivos. Escrever é indicativo de um planejamento um pouco mais sistematizado, mesmo que não seja garantia de realização. Há mais probabilidade de esquecer um pensamento do que algo que foi escrito (e isso que nesta análise estamos desconsiderando os efeitos que o álcool tem sobre a memória).

Daquelas que escrevem seus objetivos numa lista, há os que simplesmente engavetam-na e esquecem. Outros, que somente a resgatam no fim no ano, para comparar o que se concretizou. Penso que poucas pessoas manuseiam a lista periodicamente, por exemplo, a cada mês, para monitorar o andamento das metas. Há, ainda, as que dizem: Este ano farei uma lista e vou cumpri-la.

Finalmente, creio que existam menos pessoas ainda que, a partir desta lista, efetuam um planejamento estratégico, com metas objetivas e cronograma, com possibilidade de ser realizada em um ano, e que acompanham acuradamente sua execução.

O que aconteceria se mais pessoas construíssem listas de início de ano e seguissem este planejamento? Certamente seriam pessoas mais felizes, porque alcançariam seus desejos pessoais. Claro que as pessoas não são mais ou menos tristes porque não fazem listas, mas poderiam ser mais felizes e bem-sucedidas se as fizessem e se houvesse um sistema eficaz de alcance de metas.

Falando de forma genérica, a cultura e a educação não parecem incentivar o comportamento de planejar e executar o que foi proposto. Assim, podemos estar perdendo grandes oportunidades de fazer mais por nossas vidas, simplesmente porque não temos o comportamento de pensar, agir, acompanhar os resultados e traçar novos planos.

Nesta época, as pessoas podem tomar decisões por impulso, ou mesmo desejar muito um determinado desfecho, que é manifestado por estas promessas. Contudo, sem planejamento e sem mudança efetiva de comportamento, isso não será suficiente. Mas não há motivos para preocupação: sempre haverá um novo ano com espaço para novas promessas.

Feliz ano novo a todos.