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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A necessidade da fé

Alguns estudos em psicologia evolucionista têm apontado que a fé em algo transcendente foi um elemento que ajudou a gerar vantagens evolutivas e, por conseqüência, refinar a complexidade da cultura humana. E isso tem razão de ser se considerarmos as necessidades básicas dos seres humanos, sendo uma delas a necessidade de amparo.

Biologicamente, os seres humanos possuem uma fragilidade constitucional desde a infância, de forma que necessitam receber investimentos de várias espécies: tempo, energia, alimento e afeto. Ou seja, nossa espécie depende primordialmente de outros que possuem habilidades que os membros imaturos não têm. Receber o amparo de um adulto que possui um "poder" dá tranqüilidade e reduz os efeitos do estresse sobre o organismo.

Entretanto, os adultos também possuem uma cota de desamparo, vinda de situações que não são previstas, como mudanças climáticas, doenças e o ataque de outros grupos humanos. Mas quem os iria socorrer? Já são adultos, sendo teoricamente poderosos. Neste momento, os mecanismos de desamparo são ativados, e surge um terreno fértil para o aparecimento dos seres superiores, mais poderosos que os adultos. Se as crianças buscam no adulto o amparo que falta, estes buscam em forças não visíveis os meios para superar as dificuldades.

Agregar na cultura nascente um agente sobrenatural poderoso dá força à comunidade. Mais força ainda tem o agrupamento que se auto-perceber como "escolhido" por essa força superior para ir adiante, sendo seus filhos prediletos em detrimento dos demais seres. Mas este desamparo constitucional, mesmo que baseado em necessidades não racionais, deve continuar sendo preenchido pela crença em algo invisível? Ou poderia a humanidade buscar bases mais racionais e objetivas para preencher esta lacuna?